Seja para proteger os cabelos ou dar estilo ao visual, o lenço de seda e algodão volta como tendência. A cantora Luísa Sonza investe na peça com força, e suas colegas Ludmilla e IZA já se valeram do acessório em público. Fora do País, Billie Eilish, Beyoncé e Rihanna também são adeptas da trend, utilizando o item, inclusive, por baixo do boné.
Atrás de charme, praticidade e discrição, o lenço atado à cabeça – sobretudo à la Grace Kelly, com laço sob o queixo – ganha adeptos diversificados. São homens e mulheres, de diferentes rotinas, gostos e profissões que se apegam ao pedaço de pano que marcou época ao envolver o semblante de grandes estrelas do cinema como Audrey Hepburn, Sophia Loren e Brigitte Bardot. Sem perder a sofisticação, ele retorna às ruas e passarelas – de Gucci, Versace e Jacquemus –, combinado a elementos da atualidade.
“É um resgate e uma reinvenção. O lenço traz a elegância de décadas passadas, sendo símbolo de status e bom gosto, e, com relação aos dias de hoje, a versatilidade de estar presente nas redes sociais, ruas e semanas de moda”, diz Antonio Rabadan, coordenador do núcleo de fashion business e professor do curso de Design da ESPM.
Na Casa de Criadores, em São Paulo, designers extrapolaram a tradição, desfilando exemplares de renda, as peças em looks monocromáticos ou atreladas a chapéus. “O boné junto ao lenço mostra que não estamos mais nos anos 1950 e 1960, mas em 2024, em que o streetstyle e itens modernos se misturam ao vintage”, diz Silvia Scigliano, professora do curso de consultoria de imagem e coolhunting do Istituto Europeo di Design São Paulo. Seu retorno tem relação com a febre dos brechós: “Os jovens gostam de usar peças como essa pela qualidade da matéria-prima, o preço, a economia circular e o fato de serem únicas”.
Imortalizado por ícones do cinema mundial da década de 1960, o acessório de pano atado à cabeça está de volta. Misturado à tendência das ruas, confere luxo e atende, sobretudo, aos jovens fashionistas.
POR BAIXO DO PANO
“Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento”, cantou Caetano Veloso em “Alegria, Alegria”, simbolizando a rebeldia dos que lutavam contra a ditadura militar. A falta do lenço também adquiriu ares de subversão longe da militância: não era incomum, em décadas anteriores, que jovens obrigadas a usá-lo nas ruas, sob a moralista alegação de pudor, se rebelassem e o arrancassem à primeira esquina.
Também útil contra os raios do sol, é a praia um dos lugares que a empresária Marilia Fialka mais utiliza o artefato. Hoje, ela conta com dez exemplares no armário e vai lançar um com sua marca própria, a floricultura Fialka, inspirado na primavera e nas mulheres. “Gosto de usar para trabalhar, quando estou sem tempo de modelar o cabelo ou com uma roupa básica. Combino as cores por contraste: se uso uma blusa clara, coloco um lenço escuro.”
Em oposição à mesmice do uniforme do restaurante da série “The Bear” (Star+), a chef Sidney, vivida por Ayo Edeberi, destaca-se pela variedade de lenços estampados que usa na cozinha. Na vida real, os profissionais da área também os utilizam para segurar os cabelos, mas não só. O chef Mario Panezo, afeito a tendências gastronômicas e fashionistas, destacou-se em um evento, recentemente, ao arrematar com lenço colorido um visual all black. “Seja na cabeça, com boné, no pescoço, como corrente ou pendurado a uma bolsa, ele dá um destaque no look”.
FOTOS: SOFIA HAGE/DIVULGAÇÃO; MARCELO SOUBHIA/@AGFOTOSITE; REPRODUÇÃO INSTAGRAM @JACQUEMUS; DIVULGAÇÃO; @LUISASONZA
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Esta foi uma matéria escrita por Silvia Scigliano para a revista IstoÉ. Veja a matéria completa no botão abaixo.